domingo, 13 de maio de 2018

Sobre provas e fatos.



Sobre provas e fatos.

Nender, o tal. - no blog do Nassif
Imagine a cena:
- Você encontra uma garota em um bar na Rua Augusta (mas poderia ser a Lapa carioca, ou a Savassi de BH, para não desagradar os humores do bairrismo), tomam todas, adicionam alguns elementos ilícitos (pó, bala ou qualquer outro combustível) e vão para seu apartamento.
- Uma vez no local, começa a dança do acasalamento (não que esse seja o objetivo, mas o processo é sempre parecido) e as preliminares, a garota (ou o garoto, trans, cross, etc., perdoem minha narrativa voltada apenas a um gênero) se iniciam com a revelação de que seu parceiro (a) gosta de algo, digamos, mais hardcore.
- Coincidência encontra a sua curiosidade, e pimba. Tapas, mordidas, beliscões, puxões de cabelo, tudo anestesiado pela ingestão anterior (e durante, e depois também) do que tinham à mão e do que sobrou, líquido, sólido ou sob a forma de fumaça.
- Transam na velocidade da alucinação violenta, sem preservativo. A intensidade deixa marcas nos seus genitais e no de seu (sua) parceiro (a).
- Você adormece.
- Você acorda.
- Mal se lembra o que ocorreu, e só as dores insistem em dizer o que houve.
Olha para o lado, o corpo inerte.
Levanta, vai ao banheiro e pelo espelho a realidade vem à tona na forma dos edemas, cortes, arranhões, e toda sorte de lesão contundente e corto-contundente.
Nada mal, pensa você.
Volta para cama, pensando em reeditar em modo mais ameno as sensações da noite passada.
O corpo está gelado. Mas como? O ar condicionado nem está ligado e faz uns 27º naquela manhã de verão.
Inerte.
Acordou ao lado de uma morta que nem sabe o nome.
E aí? Como fazer? Quem vai acreditar no que aconteceu? A pessoa ao seu lado parece ter saído de um atropelamento, e não de uma relação sexual consentida.
Essse é o dilema das provas.
Como disse o autor do texto, embora ele alegue nada conhecer do mundo jurídico, há uma verdade formal (aquela que é fixada nos autos de um processo) e uma verdade real, que nem sempre combinam.
Cabe ao processo e os integrantes dele (processo) tentar a árdua tarefa de aproximar o que pode ser provado (ou não pode) da verdade real (o que realmente aconteceu).
Nesse hiato (entre verdade formal e real) é que reside o ovo das serpentes de todos os Estados Autoritários, que sabemos todos, não dispensam NUNCA a formalidade dos processos, das leis, decretos e do funcinamento do judiciário.
Como no filme baseado em Orwell (1984) ou no outro baseado em Kafka (O Processo), os entes que manipulam as instâncias de poder concorrem não para alterar a realidade, nada disso. O que se altera é a percepção (a nossa) sobre a realidade.
O torturador sabe que é impossível alguém ter seis dedos em uma mão (verdade real), mas sabem que é fundamental que a vítima veja a realidade pelos seus olhos (verdade formal ou processual).
Por isso a defesa de Lula está patinando, fazendo papel de idiota (todos nós), eu digo a defesa política, porque a defesa processual já era desde a saída impossível, talvez desde 2006.
Para alterar a nossa visão da realidade, chamar-se-á qualquer coisa de prova, assim como se negará essa adjetivo a qualquer coisa que aproxime a versão do fato verdadeiro.
Isso não é Direito, minha gente, é semiótica!
Não se busca legalidade (ou o sentido correto de prova) em um processo ilegal, que tem por objeto tão somente o sequestro de Lula e de sua história política!!!!
Lula já estava condenado quando nasceu, insistiu em sobreviver, virou metalúrgico ao invés de mendigo, e de metalúrgico, ao invés de se contentar em "comprar um Corcel 73", ir a "pelada de várzea" ou assistir o "Curíntia", resolveu fazer sindicalismo, e depois, ora depois, fazer política partidária.
Como se não bastassem sua vida de improbalidades, virou presidente, e logo o presidente que mais deu cara de capitalismo a esse banquete de canibais que chamamos de país.
Ao invés de se contentar com um Corcel 73, ele quis que boa parte comprasse um carrinho. No lugar de assistir galvão bueno arrostando sandices na TV ele quis ajudar a fazer um estádio para a massa corintiana, e outras tantas massas de outras cores, antes tratadas como gado em estádios que mais pareciam chiqueiros em volta de um gramado.
Ele sonhou os sonhos que lhe deram (e a nós também), esse conjunto de valores de classe média, e quis fazer um Copa, uma Olimpíada.
Lula é o arquétipo do funcionário fordiano, que vai a missa, e blasfema no futebol. Na média, somos nós.
Não se contentou em ter grana para comer um churrasquinho no fim de semana, entre geladas e doses da "marvada". Quis que todo mundo pudesse fazer o mesmo.
Podia um dia ter juntado 30 anos de poupança para comprar uma passagem de avião para a Argentina, fim de semana Decolar ou Booking.com, mas nada, botou um monte de pobre no aeroporto e foi mais perseguido que muçulmano em aduana dos EUA pós 11 de setembro.
Caos aéreo, diziam. Até acidente foi colocado na sua conta e de Dilma.
Tudo porque nosso país nunca esteve preparado para ter um povo, quando muito, gado.
Lula (e toda a esquerda) é o cara que dormiu com a moça que acordou cadáver.
Não se trata de acreditar se ele é inocente ou não.
As "provas", ou seja, as alianças que fez com os "piores políticos" (como se pudéssemos invocar a virtude dos marcianos), conciliou com quem não deveria, então, como querem os que estão babando pelos seus despojos (Ciro e outros canalhas), "alguma coisa ele fez", não é possível...
É isso..."alguma coisa ele fez", e se não fez, deve pagar o pato por ter se arriscado tanto.
E continuamos a buscar "provas" ou a insistir na defesa institucional daquilo que institucionalidade NUNCA TERÁ!

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