domingo, 6 de agosto de 2017

Operação Abafa

Operação Abafa - 06/08/2017 - Bernardo Mello Franco - Colunistas - Folha de S.Paulo




BRASÍLIA - O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal
Federal, resumiu a ópera em uma frase: "A Operação Abafa é uma realidade
visível e ostensiva no Brasil de hoje".





"Há os que não querem ser punidos e há um lote pior, os que não querem
ficar honestos nem daqui para a frente", prosseguiu o ministro. "Depois
da ação penal 470 [do mensalão] e de três anos de Operação Lava Jato,
continuam com o mesmo modus operandi de achaque", acrescentou.





Barroso não citou nomes, e nem precisava. Ele expôs o jogo na quinta-feira, horas depois de a Câmara negar autorização ao Supremo para processar Michel Temer.





A blindagem do presidente acusado de corrupção foi a vitória mais
visível e ostensiva da Operação Abafa. Ela entrou em campo em 2014,
quando a Lava Jato começou a cercar empresários, operadores e políticos
de todos os grandes partidos.





A guerra teve altos e baixos, mas a investigação ganhou a maioria das
batalhas travadas até aqui. Conseguiu resistir às ofensivas do PT, que
fritou um ministro acusado de não "controlar" a Polícia Federal. Depois
enquadrou personagens que tentaram sufocá-la, como o peemedebista
Eduardo Cunha.





O desejo de parar a Lava Jato une o sistema ameaçado pela operação. No
ano passado, ele investiu no impeachment de Dilma Rousseff como solução
para "estancar a sangria", nas palavras de Romero Jucá. Agora a aposta é
na permanência de Temer, e a desculpa para salvá-lo é o discurso da
estabilidade econômica.





Na quinta-feira, o ministro Barroso alertou que a Operação Abafa não se
restringe à ação coordenada dos políticos. "Essas pessoas têm aliados
importantes em toda parte, nos altos escalões da República, na imprensa e
nos lugares onde a gente menos imagina", disse.





Alguns deles estão no próprio Supremo, e ainda não desistiram de anular
provas e depoimentos que comprometem seus amigos do outro lado da praça
dos Três Poderes.

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