sábado, 3 de junho de 2017

A grande mídia e a publicidade estatal: uma dependência vital

A grande mídia e a publicidade estatal: uma dependência vital - O Cafezinho

  Luis Edmundo Araujo



Pode ter sido só coincidência, mas não deixou de ser ilustrativo. No
mesmo dia da publicação de mais uma entrevista de Michel Temer a uma
revista amiga, o BuzzFedd News
revela o tipo de negociação que acontece entre a cúpula política do
golpe e a alta diretoria de um grande grupo de comunicação visando
sempre o mesmo objetivo: mais dinheiro público.


A Istoé, que no meio jornalístico recebeu o apelido de Quantoé, viu crescer em 1.384% as verbas de publicidade federal recebidas
desde que Temer assumiu a Presidência. Em suas páginas, hoje nas
bancas, o presidente acusado (com provas) de corrupção, rejeitado por
mais de 90% da população, aparece forte, destemido, sem se arrepender de
nada que tenha feito.


Num
preto-e-branco dos mais sóbrios na capa da Istoé, dotado do mesmo
sorriso enigmático da inesquecível primeira página do Estado de São
Paulo quando da consumação do golpe, Temer se gaba daquilo que considera
ser seu maior trunfo. “O Congresso está comigo”, afirma o presidente,
tranquilo, na capa.





A entrevista à Istoé certamente faz parte da mesma estratégia da
comunicação do Planalto que redundou em diversas outras entrevistas,
entre elas uma no SBT, com Ratinho. Estratégia essa que recebeu o
comentário elogioso de Douglas Tavolaro, sobrinho do bispo Edir Macedo e
vice-presidente de jornalismo da Rede Record, durante conversa com
Aécio Neves, gravada e exposta na matéria do BuzzFedd News.


Os dois tratavam de uma possível entrevista de Temer na Record, nos
mesmos moldes das outras, com um presidente vibrante, trabalhador, ávido
por provar a própria idoneidade, tudo condicionado a um patrocínio da
Caixa Econômica Federal.


Sem a verba não haveria entrevista, dá a entender, em dado momento da conversa, o vice da Record. E não houve mesmo.


Temer fez jorrar dinheiro público nos cofres das empresas de
comunicação que, diga-se de passagem, não deixaram de ser abastecidas
nos governos Dilma e Lula. Mesmo assim, as empresas querem mais, tudo
porque sem patrocínio estatal, a grande imprensa como a conhecemos desde
sempre não sobrevive.


E sem bajulação nem comedimento nas entrevistas, não há publicidade, e
assim caminham jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão dos
grandes conglomerados de mídia em sua missão cada vez mais risível, de
informar a população.

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