domingo, 18 de setembro de 2016

Viomundo

Repórter da Forbes faz sucesso nas redes com texto sobre powerpoint do MPF - Viomundo - O que você não vê na mídia



Por Luiz Carlos Azenha


A Forbes é uma revista de negócios que poderia ser considerada conservadora nos Estados Unidos.


Porém, não se deve confundir “conservador” com o jornalismo praticado
pela grande mídia do Brasil: aqui estamos falando em manipulações
diárias, para não mencionar as descaradas omissões.


Isso abre um enorme fosso entre a visão majoritária das redações
brasileiras e os correspondentes internacionais — na interpretação dos
mesmíssimos fatos.


Não é por acaso que um número crescente de brasileiros está buscando suas informações no El País, na BBC, no Intercept e… na Forbes.


Uma das colaboradoras da revista no Rio, Shannon Sims — que, é preciso frisar, não fala em nome da publicação — fez um resumo bem humorado do episódio do powerpoint utilizado pelo MPF para denunciar Lula.


Não, não se trata de um texto pró-Lula, nem pró-PT.


Shannon parece ter se espantado com a subjetividade de algumas
acusações a Lula e concluiu suas observações com uma frase que foi
direto ao ponto:


“O problema é que se ele [Lula] é corrupto, os fatos precisam ser
provados através de um processo legal limpo. O fato de que a denúncia
mais importante do Brasil no momento é apresentada através de slides
risíveis do Powerpoint não oferece a credibilidade de que o processo
necessita. Mas com certeza gera alguns excelentes memes”.



Shannon não menciona o fato de que o “espetáculo” contra Lula e o PT
aconteceu faltando duas semanas para as eleições municipais e num
momento em que o PT é um importante componente das manifestações Fora Temer.


Se a repórter da Forbes tivesse vivido vários ciclos
eleitorais no Brasil, teria se dado conta: é sempre assim em véspera de
eleições e não é por acaso que as denúncias, replicadas maciçamente pela
velha mídia conservadora, apontam sempre à esquerda.


Na Lava Jato, da parte do juiz Sérgio Moro, é só ler o manual de guerrilha que ele mesmo escreveu, baseado na Operação Mãos Limpas, da Itália: para Moro, é essencial condenar os acusados ao menos no tribunal da opinião pública, para alijá-los do poder.


Foi isso o que os procuradores do MPF fizeram, não? Condenaram Lula
como “comandante máximo” da “propinocracia” na TV mas só vão apresentar
as provas, se dispuserem delas, ao longo dos próximos meses, DEPOIS das eleições.


Antes das eleições, geraram o “meme master” do Jornal Nacional,
que deu um tapa no powerpoint do MPF, e manchetes que inundaram as 15
mil bancas de jornais do Brasil, com repercussão garantida até que o
juiz Moro aceite a denúncia, ou seja, avançando vários dias em paralelo à
campanha eleitoral.


Notem que “comandante máximo”, “propinocracia”, “esquema criminoso” e
“organização criminosa” aparecem de forma destacada nas manchetes,
sempre associados ao nome de Lula, frases de marketing perfeitas para
grudar no cérebro do eleitor.


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Ainda que não tenha entrado neste campo, a repórter da Forbes
teve seu perfil inundado por elogios por causa do texto que escreveu.
Uma das leitoras agradeceu à jornalista “por demonstrar quanto é risível
o golpe Made in Brazil“.


Ficamos imaginando o espanto que os correspondentes estrangeiros
sentem ao constatar o estado de carência de uma parcela considerável de
brasileiros, sedentos por informações equilibradas e críticas
pertinentes, independentemente do alvo.


sugerido pela leitora Márcia Michelin Laboissière, no Facebook

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