quinta-feira, 31 de março de 2016

Wagner Moura: Dilma é vítima de um golpe clássico

Wagner Moura: Dilma é vítima de um golpe clássico | Brasil 24/7





247 – Para o ator Wagner Moura, a presidente Dilma Rousseff é vítima de um golpe clássico em um Estado policialesco.


‘O que está em andamento no Brasil hoje é uma tentativa revanchista
de antecipar 2018 e derrubar na marra, via Judiciário politizado, um
governo eleito por 54 milhões de votos. Um golpe clássico’, diz.


Segundo ele, o país vive um Estado policialesco movido por ódio
político: “Sergio Moro é um juiz que age como promotor. As investigações
evidenciam atropelos aos direitos consagrados da privacidade e da
presunção de inocência. São prisões midiáticas, condenações prévias,
linchamentos públicos, interceptações telefônicas questionáveis e
vazamentos de informações seletivas para uma imprensa controlada por
cinco famílias que nunca toleraram a ascensão de Lula”, acrescenta.




Leia abaixo o artigo de Wagner Mora sobre o assunto:




Pela legalidade


Ser legalista não é o mesmo que ser governista, ser governista não é o
mesmo que ser corrupto. É intelectualmente desonesto dizer que os
governistas ou os simplesmente contrários ao impeachment são a favor da
corrupção.


Embora me espante o ódio cego por um governo que tirou milhões de
brasileiros da miséria e deu oportunidades nunca antes vistas para os
pobres do país, não nego, em nome dessas conquistas, as evidências de
que o PT montou um projeto de poder amparado por um esquema de
corrupção. Isso precisa ser investigado de maneira democrática e
imparcial.


Tenho feito inúmeras críticas públicas ao governo nos últimos 5 anos.
O Brasil vive uma recessão que ameaça todas as conquistas recentes. A
economia parou e não há mais dinheiro para bancar, entre outras coisas,
as políticas sociais que mudaram a cara do país. Ninguém é mais
responsável por esse cenário do que o próprio governo.


O esfacelamento das ideias progressistas, que tradicionalmente
gravitam ao redor de um partido de esquerda, é também reflexo da
decadência moral do PT, assim como a popularidade crescente de políticos
fascistas como Jair Bolsonaro.


É possível que a esquerda pague por isso nas urnas das próximas
eleições. Caso aconteça, irei lamentar, mas será democrático. O que está
em andamento no Brasil hoje, no entanto, é uma tentativa revanchista de
antecipar 2018 e derrubar na marra, via Judiciário politizado, um
governo eleito por 54 milhões de votos. Um golpe clássico.


O país vive um Estado policialesco movido por ódio político. Sergio
Moro é um juiz que age como promotor. As investigações evidenciam
atropelos aos direitos consagrados da privacidade e da presunção de
inocência. São prisões midiáticas, condenações prévias, linchamentos
públicos, interceptações telefônicas questionáveis e vazamentos de
informações seletivas para uma imprensa controlada por cinco famílias
que nunca toleraram a ascensão de Lula.


Você que, como eu, gostaria que a corrupção fosse investigada e
políticos corruptos fossem para a cadeia não pode se render a esse
vale-tudo típico dos Estados totalitários. Isso é combater um erro com
outro.


Em nome da moralidade, barbaridades foram cometidas por governos de
direita e de esquerda. A luta contra a corrupção foi também o mote usado
pelos que apoiaram o golpe em 1964.


Arrepio-me sempre que escuto alguém dizer que precisamos "limpar" o
Brasil. A ideia estúpida de que, "limpando" o país de um partido
político, a corrupção acabará remete-me a outras faxinas horrendas que
aconteceram ao longo da história do mundo. Em comum, o fato de todos os
higienizadores se considerarem acima da lei por fazerem parte de uma
"nobre cruzada pela moralidade".


Você que, por ser contra a corrupção, quer um país governado por
Michel Temer deve saber que o processo de impeachment foi aceito por
conta das chamadas pedaladas fiscais, e não pelo escândalo da Petrobras.
Um impeachment sem crime de responsabilidade provado contra a
presidente é inconstitucional.


O nome de Dilma Rousseff não consta na lista, agora sigilosa, da
Odebrecht, ao contrário dos de muitos que querem seu afastamento. Um
pedido de impeachment aceito por um político como Eduardo Cunha, que o
fez não por dever de consciência, mas por puro revide político, é teatro
do absurdo.


O fato de o ministro do STF Gilmar Mendes promover em Lisboa um
seminário com lideranças oposicionistas, como os senadores Aécio Neves e
José Serra, é, no mínimo, estranho. A foto do juiz Moro com o tucano
João Doria em evento empresarial é, no mínimo, inapropriada.


E se você também achar que há algo de tendencioso no reino das
investigações, não significa que você necessariamente seja governista,
muito menos apoiador de corruptos. Embora a TV não mostre, há muitos
fazendo as mesmas perguntas que você.

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