sábado, 19 de março de 2016

Um juiz sem juízo — CartaCapital

Um juiz sem juízo — CartaCapital



Empurrado pela vaidade e pelos mais obscuros objetivos, o juiz Sergio Fernando Moro,
da 13ª Vara Federal em Curitiba, perdeu a noção da hora e tentou
promover, na tarde da quarta 16, um levante no País. Não alcançou o
objetivo. Falhou. 
Conseguiu, no entanto, colocar a
sociedade brasileira à beira de um confronto de desdobramentos
incalculáveis. O País, no entanto, tem mostrado sua cara a partir da
manifestação de seus piores instintos.
O Brasil concilia e evita conflitos.
Amadurece, por isso, lentamente. Nos últimos 50 anos, por exemplo,
aprendeu o suficiente para não politizar as Forças Armadas.
Moro valeu-se da Polícia Federal.   
Insensatez. Assim cantaria Tom Jobim, para amenizar o ambiente pesado da política. 
O desdobramento da volumosa manifestação de 13 de março,
incensada por Moro, não deu o resultado esperado. A pavimentação do
golpe contra a presidenta Dilma e, em seguida ou simultaneamente, a
prisão do ex-presidente Lula.
De qualquer forma o ódio implantado na sociedade vingou. Perigosamente.
O sentimento, verdadeiro e mais
expressivo, no coração e mente dos manifestantes está todo contido na
faixa erguida em um ponto da Avenida Paulista, que, como se sabe,
expressa a vanguarda das marchas realizadas em vários estados da
Federação.
Em quatro linhas daquele pano-estandarte
estava registrada a mais decisiva palavra de ordem para todos os
integrantes do movimento. Eis a transcrição literal: “Fora! Dilma, Lula,
Sarney, Collor, FHC, Renan, Serra, Maluf, inimigos dos brasileiros.
Fora! Alckmin, acobertador (sic) de fiscais. Ladrões da Sefaz/SP. Fora! Aécio”. Alguém se lembrou, talvez na última hora, e acrescentou um nome: “Cunha”.
Provavelmente, além do juiz Moro, muito mais gente, além daqueles que marcharam a 13 de março, desacredita da política.
A política, no entanto, adora todas elas. É nesse mundo de cidadãos
indiferentes que os interesses mais ocultos, os mais sinistros,
normalmente buscam apoio. 
Manifestação
Manifestação em Porto Alegre, em 13 de março
Os movimentos de aglomeração humana sem
lideranças tornam-se massa de manobra dos piores objetivos. Tem sido
assim ao longo da história.
Sem pretender estabelecer comparações,
aliás, bem longe disso, recupero a reflexão de um cavernoso especialista
em casos como este. Trata-se de Joseph Goebbels. Em momento de
arrasadora crise política na Alemanha ele disse:
“A essência da propaganda é ganhar as
pessoas para uma ideia de forma tão sincera, com tal vitalidade, que, no
final, elas sucumbam a essa ideia completamente (...) É claro que a
propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão inteligente e
virtuosamente escondido que aqueles que venham a ser influenciados por
tal propósito nem o percebam”.
Pode-se dar a isto o nome de politização facínora dos despolitizados.

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