domingo, 13 de março de 2016

Sensatez, por Janio de Freitas

Governo teve sensatez de pedir calma, mas risco continua, por Janio de Freitas



Governo teve sensatez de pedir calma, mas risco continua, por Janio de Freitas

Jornal GGN - Em sua
coluna de hoje na Folha de S. Paulo, Janio de Freitas afirma que o
governo e o PT tiveram a "difícil sensatez" de pedir calma para os seus
apoiadores, mas que o risco de confronto ainda permanece. "O que for
evitado hoje está propenso a ocorrer adiante", diz Janio, principalmente
se continuarem os atos de arbitrariedade que provocam sentimentos de
perseguição e revolta entre aqueles que apoiam o ex-presidente Lula. Na
coluna, Janio também critica a nota das associações representativas das
empresas de comunicação contra violências sofridas por jornalistas no
Brasil. Leia mais abaixo:

Da Folha


Janio de Freitas
Os que mais exibem susto e medo, e
recuam com apelos à tolerância dos apoiadores de Lula e Dilma, nas ruas
de hoje, são os que mais incitaram a atitudes de ódio e provocação, de
desafio e humilhações. O juiz Sergio Moro despertou, sem pretendê-lo,
certa altivez em um lado e covardia no outro. Dilma, o governo e a
direção petista tiveram a difícil sensatez de pedir que a massa dos
provocados se contenha, de preferência, em casa. Mas nada é garantido.
 
Nem o melhor êxito dos apelos e
providências contra o confronto alteraria a pior probabilidade
perceptível: o que for evitado hoje está propenso a ocorrer adiante, a
se manterem os atos arbitrários que suscitam sentimentos de perseguição e
revolta nos lulistas e suas redondezas. A perplexidade provocada pela
torrente de insinuações, acusações e "suspeitas" despejada pelos meios
de comunicação contra Lula e família, dia a dia, foi substituída por
ânimos que aos atacantes pareciam extintos. Caso se contenham hoje, não
quer dizer que voltaram a amortecer-se.
No decorrer do século passado, e já
desde o anterior, o Nordeste e sua pobreza eram considerados a área
susceptível de um incidente capaz de espalhar-se pelo país. Essa
expectativa transfere-se para São Paulo, que se vê como a cidade mais
desenvolvida da América Latina. E não é do anel de pobreza e miséria à
sua volta que vem o risco. É dos bairros da riqueza e da classe média,
em mais uma demonstração de que dinheiro e desenvolvimento verdadeiro
não são sinônimos.
 
O ÓBVIO
 
Primeiro, uma estranheza: o símbolo da
Unesco, extensão da ONU, como signatária de uma "nota pública" emitida
por entidades de representação empresarial. Depois, a afirmação, no
texto de protesto contra violências sofridas por jornalistas no Brasil:
 
"É equivocado o pensamento daqueles que creem que os veículos de comunicação são protagonistas do processo político."
 
A quem a Abert, a Abratel, a Aner, a
ANJ, associações representativas das empresas de comunicação, e mais a
Unesco pensaram iludir? Há milhares de estudos, pesquisas e documentos
sobre a influência dos meios de comunicação nos processos políticos
nacionais e ainda nas relações internacionais. Muitos desses trabalhos
foram feitos com apoio ou por iniciativa da Unesco.
 
Ser "protagonista do processo
político" não é um mal por si só. O problema é o "como": contribuindo
para aprimorar o processo e a exercício da cidadania, ou deturpando-o
com inverdades, exageros, facciosismo. Ou seja, sem ética.
 
FALAS
 
O promotor Cassio Conserino, que pediu
a prisão de Lula, já foi processado por dano moral e por isso condenado
a indenizar um dos seus presos, solto como todos os outros do mesmo
inquérito. O juiz federal Sergio Moro e o procurador Carlos Fernando dos
Santos Lima correm risco de processos semelhantes. Já há uma
representação contra Moro, apresentada ao Conselho Nacional de Justiça
pelo Sindicato dos Advogados de São Paulo: o juiz insinuou, sem sequer
indício factual ou pericial, que o advogado Roberto Teixeira poderia ter
"forjado assinaturas", em documentos de compra do sítio em Atibaia.
Nisso, disse que o advogado é capaz de falsificações.
 
Moro e Lima são dados como autores de insinuações e "suspeitas", em público, não confirmadas pelo Supremo Tribunal Federal.
Haja poupança.
 
Em tempo: muito interessante, de fato,
a amistosa visita-palestra do juiz Sergio Moro ao Lide, do João Doria
acusado de corrupção eleitoral por colegas do próprio PSDB, além de uma
testemunha.

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