quarta-feira, 30 de março de 2016

‘Marechais do golpe ainda não têm votos e combatem a palavra golpe’ | Brasil 24/7

‘Marechais do golpe ainda não têm votos e combatem a palavra golpe’ | Brasil 24/7



 Jornalista Luís Costa Pinto publica um texto em que afirma que "os
golpistas não contam, ainda, com 342 votos na Câmara. Não contam. Não
têm ainda a certeza da vitória"; o ex-editor de Veja e Época também
aponta que "os marechais do golpe detestam, abominam, que se dê a esse
golpe travestido de impeachment (impeachment sem razão jurídica de ser,
frágil como a defesa brasileira com ou sem David Luiz) a única
classificação que ele merece: golpe"

Leia abaixo a íntegra:


Há hoje duas certezas envoltas na névoa golpista que obscurece o horizonte do Planalto Central:
1-
os marechais do golpe detestam, abominam, que se dê a esse golpe
travestido de impeachment (impeachment sem razão jurídica de ser, frágil
como a defesa brasileira com ou sem David Luiz) a única classificação
que ele merece: golpe. Definir o golpe como golpe não só desqualifica
quem o comanda, mas também trinca a imagem externa deles e os compromete
perante a História. As entrevistas de Dilma e de Lula para a imprensa
estrangeira, os textos publicados lá fora e os ensaios de resistência na
Academia, no exterior, chamando o golpe de golpe, é o que mais os
irrita. Se o Le Monde, ou a Le Point, ou qualquer outra publicação
externa escrever em francês que há aqui Un Coup D'etat, então, em
francês, vai ter prócer golpista cortando os pulsos com estilhaços de
taça de champanhe.

2- os golpistas não contam, ainda, com
342 votos na Câmara. Não contam. Não têm ainda a certeza da vitória -
daí ser necessário classificar as legítimas articulações do Governo em
busca de votos em "toma lá, dá cá" e tentar envergonhar com adjetivos
quem assim age. Ora, o Governo precisa de 172 votos. A oposição, de 342.
Ambos estão loteando os espaços de poder em busca de votos. O Governo
age com a legitimidade de quem conquistou o poder pelo voto e detém a
caneta nas mãos. A oposição precisa retalhar tudo. Imagine o Governo
como um pernil: é melhor consumi-lo fatiado em 342 pedaços ou em 172? Em
resumo, é disso que se trata. É claro que em 172 ainda sobrará alguma
carne próxima ao osso, e a partir daí pode-se reconstruir um caminho.
Entregar o pernl a 342 urubus famintos será uma carnificina e não
produzirá uma ceia, mas sim uma tragédia.

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