domingo, 8 de novembro de 2015

O tamanho da humanidade

O tamanho da humanidade | Congresso em Foco



O tamanho da humanidade

“É diante de tantos números que fico
a pensar em Vercors, segundo quem ‘a humanidade não é um estado a que
se ascenda – é uma dignidade que se conquista’. Pois é: seria a raça
humana dotada de humanidade?”















Dia desses vi um cálculo curioso. Alguém teve a ideia de
imaginar que todo o planeta fosse apenas uma pequena aldeia com exatos
100 habitantes, mantidas, porém, todas as proporções e escalas que regem
nossa realidade.


Logo de cara alguns números curiosos se apresentaram. Assim, nesta
aldeia haveria 57 asiáticos, 21 europeus, 8 africanos e 4 americanos –
algo que dá o que pensar em termos de projeções econômicas, mercado
consumidor, etc.


Nesta pequena aldeia 70% dos habitantes não seriam brancos, 30%
seriam cristãos e 89% heterossexuais. É curioso constatar que diante dos
números subitamente a realidade mundial parece algo diversa daquela que
testemunhamos diariamente em nossa cidade.


De toda a população desta aldeia, ou seja, 100 pessoas, apenas 6
possuiriam 59% de toda a riqueza – todas elas norte-americanas. Enquanto
isso, 80 habitantes viveriam na mais triste miséria, em condições
degradantes. Inclusive, 50 pessoas – a metade – sofreriam de
desnutrição.


Destes 100 habitantes 70 não conseguiriam ler, e apenas um teria
educação de nível superior – parece incrível, mas apenas um teria
frequentado uma universidade! Complemento esta informação com uma outra,
não menos chocante: nesta aldeia haveria apenas um proprietário de
computador. Sim, em plena “era da tecnologia e da informação” apenas um
habitante disporia de um computador pessoal.


Estes são números absolutamente simples, mas que retratam um quadro
deplorável sobre a raça humana em termos de solidariedade, de piedade e
até mesmo de inteligência.


Mas prossigamos nesta viagem pelos números, agora indo de encontro à
sua realidade em comparação com a da população mundial. Assim, se você
nunca sofreu os horrores de uma guerra e nunca foi torturado, comemore o
fato de estar em situação melhor que a de nada menos que 500 milhões de
semelhantes seus.


Outro número chocante: se você pode ir a uma igreja orar sem receio
de ser humilhado, preso, torturado ou morto, agradeça a Deus, pois sua
situação é mais digna que a de três bilhões de seres humanos.


Você tem comida na geladeira? Roupa no armário? Um teto sobre sua
cabeça? Então alegre-se, pois sua riqueza é maior que a de 75% da
população deste planeta. E, se você tem algum dinheiro no banco ou
moedas em um daqueles cofrinhos em formato de porquinho, celebre
duplamente, pois já está entre os 8% mais ricos do mundo.


Sua vida é um calvário por conta da seca? Você sofre os horrores da
desertificação e da sede? Se a resposta for negativa, isto significa que
você está livre de um infortúnio que flagela a vida de um bilhão de
seres humanos em cerca de 100 países em pleno “planeta água”.


Você tem um simples banheiro à disposição? Então agradeça, pois 2,5
bilhões de semelhantes nossos não contam com algo tão básico. Você bebe
água tratada? Se a resposta for positiva, lembre-se de que 1,4 bilhão de
pessoas bebem água suja até hoje – assim, aproveite cada gole.


Finalmente, parabéns por estar lendo este texto – imagine que dois
bilhões de semelhantes nossos não conseguiriam fazê-lo, vítimas de uma
taxa de analfabetismo incompatível com este início de milênio.


É diante de tantos números que fico a pensar em Vercors, segundo quem
“a humanidade não é um estado a que se ascenda – é uma dignidade que se
conquista”. E em Jane Howard, quando dizia que “civilização é um método
de viver, uma atitude de respeito igual por todos os homens”. Pois é:
seria a raça humana dotada de humanidade?

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