domingo, 28 de junho de 2015

Só um idiota para acreditar no ‘escândalo’ da UTC

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Só um idiota para acreditar no ‘escândalo’ da UTC. Por Paulo Nogueira





Postado em 28 jun 2015

Somos todos idiotas.


É, pelo menos, o que a grande mídia pensa.



O ridículo estardalhaço em torno das alardeadas revelações do dono da
UTC ultrapassa todos os limites do descaro, da hipocrisia e da
desonestidade.


Colunistas – os suspeitos de sempre –parecem fingir que acreditam nos disparates que escrevem.


Mais uma, o coro é pelo impeachment de Dilma. Dia sim, dia não,
aparecem supostas novidades que levam os colunistas das empresas de
mídia a gritar, histéricos, pelo fim de um governo eleito há pouco tempo
com 54 milhões de votos.


O caso particular do UTC é icônico.


Todos os holofotes vão, condenatórios, para Dilma e para o PT, pelo dinheiro dado para a campanha petista.


Foram, segundo cálculos de um site ligado à Transparência Brasil, 7,5 milhões de reais.


Não é doação: é achacamento, propina, roubo.


Ninguém diz que a campanha de Aécio levou ainda mais da UTC: 8,7 milhões.


Neste caso, não é propina, não é achaque, não é roubo. É demonstração
de afeto e reconhecimento pelos dentes brancos do candidato Aécio.


E eles querem que a sociedade acredite nesse tipo de embuste.


A mídia presta mais um enorme desserviço ao Brasil com essa manipulação grosseira e farisaica.


Você foge do real problema: o financiamento privado de campanhas, a forma como a plutocracia tomou de assalto a democracia.


É um problema mundial, e não apenas brasileiro. Dezenas de países já
trataram de evitar que doações de grandes empresas desvirtuem a voz
rouca das ruas e das urnas.


No Brasil, a mídia não trata desse assunto, em conluio com políticos
atrasados e guiados pelo dinheiro, porque se beneficia da situação.


Nem o mais rematado crédulo compra a história de que as doações empresariais são desinteressadas.


A conta vem depois do resultado, na forma de obras ou leis que beneficiam os doadores.


Veja os projetos de Eduardo Cunha, para ficar num caso clássico, e depois observe as companhias que o têm patrocinado.


Em alguma publicação, li até uma lição de moral na forma como o PT
teria abordado o dono da UTC para pedir dinheiro para a campanha de
Dilma.


A abordagem não teria sido “elegante”.


Imagina-se que quando o PSDB solicita dinheiro seja coisa de lorde
inglês, pelo que pude entender: ninguém fala em dinheiro, ninguém toca
em dinheiro. É como uma reunião social, entre amigos, em que o dinheiro é
a última coisa que importa.


Como disse Wellington, quem acredita nisso acredita em tudo.


Outro crime jornalístico que é cometido é dar como verdadeiras quaisquer coisas ditas nas delações, como se elas estivessem acima de suspeita.


Quer dizer, esse tratamento só vale contra o PT. Quando se trata dos
amigos da mídia, aí sim entram as ressalvas. Há que investigar, provar
etc – coisas que absolutamente não valem para o PT.


Que a imprensa, movida pelo interesse de seus donos, aja assim, até que você pode entender.


O que não dá para aceitar é que a justiça faça a mesma coisa, e com ela a Polícia Federal.


Porque aí você subverte, por completo, o conceito de justiça, e retrocede aos tempos de João V no Brasil.


Sua mulher, a rainha Carlota Joaquina, mandou matar uma rival no amor.


Dom João pediu investigação rigorosa.


Quando chegaram a ele os resultados do trabalho, com Carlota Joaquina
comprovadamente culpada da morte, ele refletiu, refletiu – e queimou os
documentos que a incriminavam.


Aquela era a justiça, e esta nossa não é muito diferente quando se trata da plutocracia.

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