domingo, 26 de abril de 2015

Sonegação corre solta | Brasil 24/7

Sonegação corre solta | Brasil 24/7






MARCOS CINTRA 
É através do Imposto Único (PEC 474/01)
que o Brasil pode deixar de ser o paraíso dos sonegadores para se tornar
um país justo com os contribuintes e que valoriza quem produz








O Sinprofaz (Sindicato Nacional dos Procuradores
da Fazenda Nacional) divulgou recentemente que R$ 443,9 bilhões deixaram
de entrar nos cofres públicos em 2014 por conta da sonegação. O valor
equivale a 8,6% do PIB brasileiro e a 23,6% da arrecadação total de R$
1,9 trilhão. De acordo com a entidade, os tributos mais sonegados foram:
ICMS (R$ 110 bilhões), Contribuições Previdenciárias (R$ 104 bilhões),
Imposto de Renda (R$ 85 bilhões), Cofins (R$ 43 bilhões) e FGTS (R$ 29
bilhões). O Sindicato revela ainda que em relação a 2013 o total da
perda de receita no ano passado cresceu R$ 23,4 bilhões e que se não
fosse essa evasão a carga tributária, que hoje é da ordem de 36% do PIB,
poderia ser 30% menor.


Há anos o Brasil vai empurrando a reforma tributária para frente e a
complexa estrutura fiscal se torna cada vez pior. Os fiscos nos três
níveis de governo com frequência criam normas para tentar dificultar a
fuga de receita, mas com isso o sistema fica mais burocrático e caro.
Nesse ambiente de elevado custo e enorme complexidade o sonegador se
beneficia e a evasão se torna um prêmio.


A sonegação é uma das anomalias tributárias no país, já que gera
injustiça social, representada pela compensação da perda de receita
através da sobretaxação da classe média. O que se deixa de arrecadar por
quem sonega é compensado com mais imposto sobre os assalariados, que
têm elevadas retenções diretamente em seus holeriths e ainda pagam
pesados tributos nos preços dos bens e serviços que consomem.


A alternativa para combater a absurda sonegação no Brasil é a
tributação direta sobre a movimentação financeira, tal como previsto no
projeto do Imposto Único. A ideia é transformar vários tributos em um. A
cobrança seria automática toda vez que o correntista movimentasse sua
conta bancária através de saques, compensação de cheque ou uso do cartão
de débito. Haveria enorme simplificação do sistema e a carga tributária
individual seria reduzida porque todos passariam a pagar suas
obrigações com o fisco.


Com o Imposto Único, a fiscalização torna-se mais simples; os
critérios de taxação ficam mais transparentes; os custos por parte do
poder público, e também os custos do setor privado vinculados às
exigências tributárias, tornam-se menores. A simplificação do processo
fiscal é evidente quando toda a arrecadação se concentra em um único
tributo, incidente sobre uma única base que não exige formulários e
guias.


O Imposto Único acarretaria a virtual eliminação da sonegação, da
corrupção fiscal e da economia informal, com custos administrativos e de
fiscalização pouco significativos. Apenas 2,8% em cada lado da
transação geraria receita equivalente a dos tributos a serem
substituídos. Para evitar que as transações efetuadas em moeda fiquem
isentas, todo saque e todo depósito em dinheiro no sistema bancário
seriam taxados através de uma alíquota que em média reproduziria o
número de transações que seria realizada com essa moeda até seu retorno
aos bancos.


É através do Imposto Único (PEC 474/01) que o Brasil pode deixar de
ser o paraíso dos sonegadores para se tornar um país justo com os
contribuintes e que valoriza quem produz.

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